domingo, 3 de abril de 2011

A lógica do discurso hegemônico no Rock Brasileiro


          

            O que faz a dinâmica da rock bralireiro? Perguta que sempre me fiz, como sou da geração Legião, não me atrevi a ir nos primórdios dessa investigação, mas de Legião a Restart já é um bom começo. Então vamos lá.
Primeiramente, considero o discurso das bandas em suas respectivas épocas, secundariamente levo em consideração a característica de seu som, começando por Legião Urbana.
           Sabemos que a banda começa a fazer a seu som ao mesmo tempo que nasce uma porrada de bandas de rock no país; Paralamas, Engenheiros, Kid Abelha, TiTãns, Biquini Cavadão, Barão Vermelho, Capital Inicial, Ira, Plebe Rude... entre tantas outras bandas dos anos 80. 
           A questão é observar o discurso em comum dessas bandas, não é uma missão fácil, pois a própria Legião muda esse discurso a cada disco, mas só superficialmente.  O enfoque é sempre político, amor juvenil, duvidas juvenis, humor descolado e sarro de hipocresias. Mas, uma coisa é marcante: o modo poético de escrever.
             Esses rockeiros saiam das universidadas do país para fazer música, as letras eram rebuscadas, com metáforas belas, que o diga o Oi tudo bem meu nome é otário, do Humberto. O discurso era baseado na instabilidade econõmica do pais, que país é este? dizia o Renato Russo. Mas, sem cair em determinismos, aponto que esse é apenas um dos motivos, a influência que vinha de fora, o neopunk também foi de suma importancia. O que soava nas canções sem solo da Legião e as guitarras com chorus carregados nos dedilhados líricos. Em fim, a poesia em prol da música, auvir essas bandas era uma verdadeira aula de português. 
                                          
             Nos anos 90 o discurso muda, algumas bandas ainda pegam carona nos resquicios do rock 80, sem falar nas bandas que continuam na ativa, porém o que ganha espaço mesmo é o som carregado de gíria, de incrementos novos - como as gringas Red Hot e o Rage Againt - e humor escrachado. Raimundos e Charlie Brawn são a bola da vez, sem falar no Planet Hemp. Cada uma delas adota um discurso, a primeira a diverssão sacana a qualquer custo, a segunda a marginalidade do Skyte e a terceira a proibição da maconha. Porém, a todas elas não faltam esses elementos: som carregado de gíria de suas ideologias; de incrementos novos, principalmente o rap (sendo que  Rodolfo não cantava rap, mas cantava como se tivesse fazendo repente) e humor escrachado.


              Mas, os discursos ideológicos dessas bandas caem por terra e não precisa dizer, porque todos já conhecem o triste fim de Marcelo D2, Rodolfo e Chorão. No entanto como apontado, outras bandas surgem nos resquicios dessa onda que era mais harcore. Porém, a que mais se destaca é o Los hermanos, que lança seu primeiro disco e o mais hardcore de todos. Exatamente na época que raimundos lança seu Só no foréveis (e sua mulher de fases), Charlie Brawn Preço curto, prazo longo e Planet Hemp seu disco ao vivo.
                                            

                 Entretanto, outro elemento paralelo ao harcore se mostra cada vez mais presente e forte: as bandas dos anos 80 voltan com ótimos discos acústicos, trazendo de volta a poesia para o Rock (quem não lembra de Hoje a noite não tem luar?). O cd acústico vira uma febre e realmente deve-se dar importancia a essa característica do rock brasileiro.

                  Então, chegamos a um empasse. Uma dualidade entre discurso (poético) e música (hardcore). A equação dessa dualidade se dá no que foi chamado de emocore. Ora, o país gozava de estabilidade, a poesia gritava sua força, então porque nao gritar Meu amor num riff a la Ramones?

                                      
               Nessa vertente surge uma porrada de bandas, mas uma delas encontra um cara no caminho. Falo da Los hermanos, que agaraiou uma notoridade de fãns no estilo legionário e o cara que ela esbarrou foi o já velhinho, Chico Buarque de Holanda. O que dizer dessa influência? Porque Chico? Ora, Chico é cult, é elite auditiva, é popular, é samba, choro e rock'n roll. E, é importante dizer, o discurso emocore se tornou saturado. Qualquer garoto poderia pegar uma guitarra e cantar letras de amor bobo, letras que não chegavam nem perto das que eram escritas na década de 80. A saída los hermaos foi trazer não só a poética e o hardcore, mas também os lances minusiosos da MPB brasileira, sendo que algumas canções deles são realmente reinterpretações reatalhadas das do Chico Buarque.

                                                             

               Porém, meus amigos... há uma coisa importante a ser considerada nessa análise. Nós, humanos, usamos a razão para classicar as coisas. É uma necessidade. O conceito é fundamental nesse aspecto. Quero dizer que, para uma cadeira ser uma cadeira, ela não pode ser uma mesa, ou melhor ou se é MPB, ou se é Rock. No Brasil a mistura entre esses dois elemntos geralmente recebe o nome de Rock alternativo, ou Sambra rock, depende de como se mistura tais elementos. Os hermanos, trouxe a poesia no estilo Chico e rock anos 80, a pegada rock oitentista com os acordes de samba e a aura de algo alternativo, caindo nos braços dos universitários, artistas e tiozinhos.
              Mas, essa classificação Rock alternativo do Los hermanos se perdeu em si mesma. Parecia pedir uma definição cada vez mais fixa, ai começou a pender, a pender cada vez mais para a MPB; ao mesmo tempo que o outro lado revidava para o Rock. Bem, parece que no meio da disputa a corda esturou no meio e banda acabou. Camelo com sua veia MPB para um lado, Amarante com a sua veia Rock para outro.

              Como conclusão, o que posso dizer? Bem, sobraram os filhos do Los hermanos, repetindo o que eles repetiam do Chicho e se você se lembrar da parte que falo: Qualquer garoto poderia pegar uma guitarra e cantar letras de amor bobo, letras que não chegavam nem perto das que eram escritas na década de 80!!! Pronto, aqui é onde entra o Restart que, na verdade é uma patologia do rock. Sem letras descoladas, sem complexidade estrutural em suas canções, sem harmonias legais etc. A única coisa que o Restart tem, por ironia da vida, é o que acaba profanando o rock, o marketing a todo custo.

              Mas, não sejamos pessimistas. O rock é sempre sobversivo e a internet é o elemento que o deixa respirar, devemos procurar as bandas que estão por ai, na espreita, lutando por seus discursos. Em cada recanto do país existe bandas boas, o lance é pesquisar. 

Abração a todos!!! 

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